terça-feira, 25 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL

Natal somos nós quando decidimos nascer de
novo, a cada dia, nos transformando.
Somos PINHEIRO de NATAL: Quando resistimos vigorosamente
aos tropeços da caminhada.
Somos os ENFEITES de NATAL: Quando nossas  virtudes, nossos
atos, são cores que adornam.
SOMOS OS SINOS de NATAL: Quando chamamos, congregamos e
procuramos unir.
SOMOS LUZES DO NATAL: Quando simplificamos e damos soluções.
Somos PRESÈPIO de NATAL: Quando nos tornamos pobres para
enriquecer a todos.
Somos os ANJOS do NATAL:Quando cantamos ao mundo o amor
e a alegria.
Somos os PASTORES de NATAL: Quando enchemos nossos
corações vazios com Aquele que tudo tem.
Somos ESTRELAS do NATAL: Quando conduzimos alguém ao Senhor.
Somos os REIS MAGOS: Quando damos o que temos de melhor,
não importa a quem.
Somos as VELAS de NATAL: Quando distribuímos harmonia por
onde passamos.
Somos PAPAI NOEL: Quando criamos lindos sonhos nas mentes
infantis.
Somos os PRESENTES de NATAL: Quando somos verdadeiros
amigos para todos.
Somos os CARTÕES de NATAL: Quando a bondade está escrita
em nossas mãos.
Somos as MISSAS de NATAL: Quando nos tornamos louvor,
oferenda e comunhão.
Somos a CEIAS do NATAL: Quando saciamos de pão, de esperança,
qualquer pobre do nosso lado.
Somos as FESTAS de NATAL: Quando nos despimos do luto e
vestimos a gala.

Somos sim, a Noite FELIZ de NATAL, quando humildemente e conscientemente, mesmo sem símbolos e aparatos, sorrimos com confiança e ternura na contemplação interior de um NATAL perene que estabelece seu Reino em nós. Obrigado Jesus! Por vossa luz, perdão e compreensão.

FELIZ NATAL, AMIGOS e  FAMÍLIAS !

OBS:Este texto recebi de Irmã Dora (Convento da Purificação) e aproveito para divulgar entre outros neste Natal. !

sábado, 15 de dezembro de 2012

São João da Cruz


14 de Dezembro - São João da Cruz
Hoje é dia de São João da Cruz! João nasceu na Espanha em 1542. Ainda na infância, ficou órfão de pai. Sua mãe mudou-se então para Medina, onde João trabalhava num hospital de dia e estudava gramática a noite.
Ainda jovem sentiu-se atraído pela vida religiosa e tornou-se carmelita, indo estudar em Salamanca. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.
Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos. Foi então que a futura Santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela atraiu João da Cruz para esse trabalho. Com isso ele passou a trabalhar na reforma do Carmelo, recuperando os princípios e a disciplina.
Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades. Conta-se que ele pedia insistentemente três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos homens.
Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, na Espanha. 


ORAÇÃO:

                                  Deus, nosso Pai, São João da Cruz viveu os mistérios da vossa morte e ressurreição. Ele fez a experiência do vosso amor e por vós foi provado na fé e no sofrimento. Mediante o trabalho interior, conseguiu descobrir os tesouros da vossa graça. A seu exemplo, fazei que cada um de nós progrida na vida espiritual e caminhe para vós. Encontremos na vossa Palavra estímulo e consolação e, na comunhão com nossos irmãos, vos encontremos na partilha de todos os dons recebidos. Senhor, enviai-nos o vosso Espírito, o Espírito Santo que é "doador da vida", que é a água viva que jorra da fonte, Espírito de Amor e de liberdade, Espírito que nos concede a liberdade de filhos de Deus e irmãos em Jesus Cristo. Espírito que nos convoca e nos reúne numa mesma família, povo de Deus a caminho do vosso Reino. São João da Cruz nos inspire o gosto pelas coisas do alto, e nos ensine a vos amar com todas as nossas forças e de todo o nosso coração.

Santa Luzia

13 de Dezembro - Santa Luzia

Hoje é dia de Santa Luzia! A devoção a Santa Luzia faz parte da tradição católica, mas somente em 1894 descobriu-se uma inscrição escrita em grego sobre um sepulcro em Nápolis, confirmando a existência da mártir de Siracusa. 
Desde o século V os cristãos devotam a Luzia a proteção as coisas que se referem a visão e aos olhos. Diz a antiga tradição oral que essa proteção se deve ao fato de que ela teria arrancado os próprios olhos, entregando-os ao carrasco, preferindo isso a renegar a fé em Cristo. 

Luzia pertencia a uma rica família napolitana de Siracusa. Sua mãe prometeu dar a filha como esposa a um jovem da corte local. Mas a moça havia feito voto de virgindade eterna e pediu que o matrimônio fosse adiado. 
A mãe, acometida com uma séria doença, não queria abrir mão do casamento da filha, mas após uma peregrinação ao túmulo de Santa Águeda, onde ficou curada, a mãe aceitou que a filha permanecesse virgem.
Mas o noivo de Luzia, revoltado, denunciou a jovem para as autoridades romanas, acusando de ser cristã. O imperador Diocleciano, conhecido pela crueldade, tentou obrigar Luzia a prostituir-se, mas a jovem não submeteu-se. Cheio de raiva, os algozes assassinaram a jovem naquele mesmo lugar, cortando-lhe a garganta. 





ORAÇÃO:


       Santa Luzia, consagrada a Deus com voto de castidade, enfrentastes com fortaleza quem tentava violar este voto. Não aceitastes de forma alguma adorar falsos deuses e, por isso, fostes martirizada. Alcançai-me de Deus a firmeza em meus bons propósitos. Protegei-me contra todo mal dos olhos. (Se você estiver com algum problema nos olhos diga qual é e peça ajuda). Fazei que eu use da minha vista, somente para olhar o mundo e as pessoas com caridade e otimismo. Pela vossa poderosa intercessão, alcançai-me a força de superar qualquer contrariedade, principalmente, a que estou passando agora (dizer qual é a sua contrariedade), mantendo viva minha fé em Jesus Cristo, nosso único Senhor. Ele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos e séculos. Amém.








quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Nossa Senhora de Guadalupe=seu dia:12 de dezembro

OBS: Tenho uma pequena imagem de Nossa Senhora de Guadalupe(imagem) que recebi dos sobrinhos (Edilson e Anita Freire)  me  enviaram de presente, quando estiveram no México em 2011. Tenho também um lindo quadro que recebi na década de 90(1996),recebi da mãe de uma aluna, foi a primeira vez que tive contato com a história desta nossa Mãe querida,  de todos da à America .
Nossa Senhora de Guadalupe no dia de hoje te entrego minha família,particularmente minha filha Raquel,que vai se submeter a uma cirurgia no dia 20 de dezembro, protege-a com o vosso manto !Proteção também para aqueles que me presentearam com a imagem e o quadro e também para a pessoa que recebi como anjo(versão do amigo secreto) e assumi o compromisso de rezar durante todo o ano de 2013,(Lais Lins).

Nossa Senhora de Guadalupe(12 de dezembro)
Em tempos de grande conflito entre os índigenas e os colonizadores europeus que chegavam à America, Nossa Senhora  apareceu ao asteca Juan Diego, mostrando ser ela também protetora dos indígenas e da nova terra.Era o ano de 1531.Os missionários espanhóis iniciavam seu trabalho de evangelização.
Quando se dirigia à missa,Juan Diego ouviu uma voz que o chamava.Vê então a imagem da Virgem iluminada, com roupas e traços do povo asteca. Maria pede a ele que vá dizer ao bispo que construa aí um santuário em sua honra. Diante da incredulidade do bispo,a Virgem realizou alguns milagres:curou o tio de Juan Diego e fez brotar rosas na colina de Tepyac,onde apareceu. Pediu para o indígena levar as flores para o bispo. Ao  entregar as rosas,Juan Diego abriu o manto(tilma) que carregava, e nele, como que impressa, apareceu a mesma imagem presenciada no monte.
    Nossa Senhora de Guadalupe  tem os traços da América e representa a resistência dessa cultura nativa diante da colonização européia. Por isso, todo o povo se identifica com ela e a  venera. Foi  proclamada  padroeira da América  latina e sua festa é celebrada a 12 de dezembro.

ORAÇÃO
Virgem Santíssima,Nossa Senhora de Guadalupe ! Nós vos pedimos, ó Mãe do céu, abençoai e protegei os povos da America Latina, para que todos nós, envolvidos pelo vosso carinho maternal, nos sintamos mais perto de Deus, nosso Pai. Nossa Senhora de Guadalupe, abençoados por vós e amparados por vosso Filho Jesus, teremos força para alcançar a nossa libertação. Seremos libertados da superstição, dos vícios, dos pecados e também da injustiça e da opressão que sofremos da parte dos prepotentes que exploram e dominam os seus semelhantes. Ó  Mãe de Jesus, nosso Salvador, atendei benigna a nossa oração. Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da America Latina, rogai por nós.

OBS: Do livro de Frei Darlei Zanon

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

LADAINHA DE SÃO JOSÉ

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo. escutai-nos.
Pai Celestial, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus.
Espírito Santo, que sois Deus.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
Santa Maria, rogai por nós.
São José,
Ilustre Filho de Deus,
Luz dos Patriarcas,
Esposo da mãe de Deus,
Guarda da Puríssima Virgem,
Sustentador do Filho de Deus,
Estrênuo defensor de Jesus Cristo,
Chefe da Sagrada Família,
José justíssimo,
José castíssimo,
José prudentíssimo,
José  fortíssimo,
José obdientíssimo,
José fidelíssimo.
Espelho de paciência,
Amante da pobreza,
Modelo dos artisias,
Honra da vida de família
Guarda das virgens,
Sustentáculo das famílias,
Alívio dos miseráveis,
Esperança dos doentes,
Patrono dos moribundos,
Terror dos demônios,
Protetor da Santa Igreja,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
Perdoai-nos, Senhor,
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.

V- O Senhor o constituiu dono de sua casa.
R- E fê-lo príncipe de todas as suas possessões.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

UM TESTEMUNHO VERÍDICO SOBRE O TERÇO,

Veja a humildade de uma devota de Maria Santíssima.

Havia uma senhora muito simples que vendia verduras na vizinhança, vendia alface, cebolinha,etc.
Certo dia tia Tecoã, conhecida por toda a vizinhança, foi vender suas verduras na casa de    um
protestante e perdeu o terço no jardim da casa deste. Passados alguns dias, tia Tecoã       voltou
novamente à sua casa.
-Este veio logo zombar de tia Tecoã,ele dizia para ela:

--Você perdeu seu Deus?
Ela humildemente respondeu:
--Eu, perder meu Deus? Nunca.
Então ele pegou o terço e disse:
--Não é este o seu Deus?
Ela disse:Graças a Deus o senhor encontrou o meu terço, muito obrigada.
Ele disse:
--Porque você não troca este cordão com estas sementinhas pela Bíblia?
Ela disse:
--Porque a Bíblia eu não sei ler, e com o terço eu medito toda a palavra de Deus e a guardo no coração.
Ele perguntou:
--Medita a palavra de Deus? Como assim? Poderia me dizer?
Posso sim, respondeu tia Tecoã pegando o terço. E disse:
--Quando eu pego na cruz, lembro-me que o Filho de Deus derramou todo o seu sangue pregado numa
cruz para salvar a humanidade.
   Esta primeira conta  gra nde me lembra que há um só Deus Onipotente. Estas três contas pequenas me lembram as  três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Esta conta grossa me faz lembrar a oração que o Senhor mesmo nos ensinou que é o Pai Nosso.  O terço
 tem  5 mistérios que fazem as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus  Cristo  cravado  na cruz, e cada
mistériotem dez Ave Maria, que me fazem lembrar os dez mandamentos que o Senhor Deus mesmo  escre
eu na tábua de Moisés.
   O Rosário de Nossa Senhora tem quinze(15) mistérios, que sâo os 5 gozosos, 5 dolorosos, 5 gloriosos e
5 luminosos. De manhã quando me levanto  para iniciar minha luta do dia, no meu cansaço e na fadiga do trabalho eu rezo os mistérios dolorosos,, que me fazem lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo  para
o Calvário. Quando chega o fim do dia com as lutas todas vencidas eu rezo os mistérios gloriosos, que fazem lembrar que Jesus venceu a morte para nos dar a salvação a toda a humanidade..
  E agora me diga onde está a idolatria ?
  Ele respondeu,depois de ouvir tudo isso, disse:
--Eu não sabia disso, ensina-me, Tia Tecoã, a rezar o terço.

OBS: Nesta pequena história que encontrei na minha caixinha de orações, o texto somente fala de dois mistérios, se alguém souber o histórico dos outros, escreva um comentário,completando a seguimento dos demais mistérios. Agradeço..

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Homilia da canonização de 7 santos dia 21/10/2012


O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)
Venerados irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!

Hoje a Igreja escuta mais uma vez estas palavras de Jesus, pronunciadas durante o caminho rumo a Jerusalém, onde devia cumprir-se o seu mistério de paixão, morte e ressurreição. São palavras que manifestam o sentido da missão de Cristo na terra, marcada pela sua imolação, pela sua doação total. Neste terceiro domingo de outubro, no qual se celebrar o Dia Mundial das Missões, a Igreja as escuta com uma intensidade particular e reaviva a consciência de viver totalmente em um perene estado de serviço ao homem e ao Evangelho, como Aquele que se ofereceu a si mesmo até o sacrifício da vida.
Dirijo a minha cordial saudação a todos vós, que encheis a Praça de São Pedro, nomeadamente as Delegações oficiais e os peregrinos vindos para festejar os novos sete Santos. Saúdo com afeto os Cardeais e Bispos que nestes dias estão participando da Assembléia sinodal sobre a Nova Evangelização. É providencial a coincidência entre esta Assembléia e o Dia das Missões; e a Palavra de Deus que acabamos de escutar se mostra iluminadora para ambas. Esta nos mostra o estilo do evangelizador, chamado a testemunhar e anunciar a mensagem cristã conformando-se a Jesus Cristo, seguindo a Seu mesma vida.
O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)
Estas palavras constituíram o programa de vida dos sete beatos que a Igreja hoje inscreve solenemente na gloriosa fileira dos Santos. Com coragem heróica eles consumiram a sua existência na consagração total a Deus e no serviço generoso aos irmãos. São filhos e filhas da Igreja, que escolheram a vida do serviço seguindo o Senhor. A santidade na Igreja teve sempre a sua fonte no mistério da Redenção, que já prefigurava o profeta Isaías na primeira Leitura: o Servo do Senhor, o justo que «fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas» (Is 53,11); este Servo é Jesus Cristo, crucificado, ressuscitado e vivo na glória. A celebração hodierna constitui uma confirmação eloquente dessa misteriosa realidade salvífica. A tenaz profissão de fé destes sete discípulos generosos de Cristo, a sua conformação ao Filho do Homem resplandece hoje em toda a Igreja.
Jacques Berthie, nascido em 1838, na França, foi desde muito cedo um enamorado de Jesus Cristo. Durante o seu ministério paroquial, desejou ardentemente salvar as almas. Ao fazer-se jesuíta, queria percorrer o mundo para a glória de Deus. Pastor incansável na Ilha de Santa Maria e depois em Madagascar, lutou contra a injustiça, levando alívio para os pobres e enfermos. Os malgaxes o consideravam um sacerdote vindo do céu, e diziam: Tu és o nosso “pai e mãe”! Ele sefez tudo para todos, haurindo na oração e no amor do Coração de Jesus a força humana e sacerdotal para enfrentar o martírio, em 1896. Morreu dizendo: «Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé». Queridos amigos, que a vida deste evangelizador seja um encorajamento e um modelo para os sacerdotes, para que sejam homens de Deus como ele o foi! Que o seu exemplo ajude os numerosos cristãos que são perseguidos por causa da sua fé nos dias de hoje! Que a sua intercessão, durante este ano da fé, produza frutos em Madagascar e no Continente africano! Que Deus abençoe o povo malgaxe!
Pedro Calungsod nasceu aproximadamente no ano 1654, na região de Visayas, nas Filipinas. Seu amor a Cristo o inspirou a preparar-se como catequista com os missionários jesuítas da região. Em 1668, junto com outros dois jovens catequistas, acompanhou o Padre Diego Luiz de San Vitores para as Ilhas Marianas com o fim de evangelizar o povo Chamorro. Nesse lugar, a vida era difícil e os missionários enfrentaram a perseguição nascida da inveja e de calunias. Pedro, contudo, demonstrou uma grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e dedicação ao Evangelho. O seu desejo de ganhar almas para Cristo se sobrepunha a tudo, e isso o levou a aceitar decididamente o martírio. Morreu no dia 2 de abril de 1672. Algumas testemunhas contaram que Pedro poderia ter fugido para um lugar seguro, mas escolheu permanecer ao lado do Padre Diego. O sacerdote, antes de ser morto, pôde dar a absolvição a Pedro. Que o exemplo e o testemunho corajoso de Pedro Calungsod inspire o dileto povo das Filipinas a anunciar corajosamente o Reino e ganhar almas para Deus!
Giovanni Battista Piamarta, sacerdote da Diocese de Brescia, foi um grande apóstolo da caridade e da juventude. Percebia a necessidade de uma presença cultural e social do catolicismo no mundo moderno, por isso se dedicou ao progresso cristão, moral e profissional das novas gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade. Animado por uma confiança inabalável na Providência Divina e de um profundo espírito de sacrifício, enfrentou dificuldades e fatigas para dar vida a diversas obras apostólicas, entre as quais: o Instituto dos pequenos artesãos, a Editora Queriniana, a Congregação masculina da Sagrada Família de Nazaré e a Congregação das Humildes Servas do Senhor. O segredo da sua vida, intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração. Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do encontro, de coração a coração, com o Senhor. Demorava-se de muito bom grado junto do Santíssimo Sacramento, meditando a paixão, morte e ressurreição de Cristo, para alcançar a força espiritual e voltar a lançar-se, sempre com novas iniciativas pastorais, à conquista do coração das pessoas, sobretudo dos jovens, para levá-los de volta para as fontes da vida.
«Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!» Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer nosso este hino a Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas vidas. Assim o fez Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa nascida em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de Deus: «Seu amor de geração em geração, chega a todos que o respeitam». A sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada, continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo.
Passo agora para Marianne Cope, nascida em 1838 em Heppenheim, na Alemanha. Com apenas um ano de vida, foi levada para os Estados Unidos, e em 1862 entrou na Ordem Terceira Regular de São Francisco, em Siracusa, Nova Iorque. Mais tarde, como Superiora geral da sua congregação, Madre Marianne abraçou voluntariamente a chamada para ir cuidar dos leprosos no Havaí, depois da recusa de muitos. Ela partiu, junto com seis irmãs da sua congregação, para administrar pessoalmente um hospital em Oahu, fundando em seguida o Hospital Mamulani, em Maui, e abrindo uma casa para meninas de pais leprosos. Cinco anos depois, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem e, encerrando assim seu contato com o mundo exterior. Ali, cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heróico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos. Em uma época em que pouco se podia fazer por aqueles que sofriam dessa terrível doença, Marianne Cope demonstrou um imenso amor, coragem e entusiasmo. Ela é um exemplo luminoso e valioso da melhor tradição de religiosas católicas dedicadas à enfermagem e do espírito do seu amado São Francisco de Assis.
Kateri Tekakwitha nasceu no que hoje é o Estado de Nova Iorque, em 1656, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Foi batizada aos 20 anos de idade, para escapar da perseguição, se refugiou na Missão São Francisco Xavier, perto de Montreal. Ali ela trabalhou, fiel às tradições culturais do seu povo, embora renunciando as convicções religiosas deste, até a sua morte com 24 anos. Levando uma vida simples, Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa diária. O seu maior desejo era saber e fazer aquilo que agradava a Deus.
Kateri impressiona-nos pela ação da graça na sua vida, carente de apoios externos, e pela firmeza na sua vocação tão particular na sua cultura. Nela, fé e cultura se enriqueceram mutuamente! Possa o seu exemplo nos ajudar a viver lá onde nos encontremos, sem renunciar àquilo que somos, amando a Jesus! Santa Kateri, protetora do Canadá e primeira santa ameríndia, nós te confiamos a renovação da fé entre os povos nativos e em toda a América do Norte! Que Deus abençoe ospovos nativos!
A jovem Anna Schäffer, de Mindelstetten, quis entrar em uma congregação missionária. Nascida em uma família humilde, ela conseguiu, trabalhando como doméstica, acumular o dote necessário para poder entrar no convento. Neste emprego, sofreu um grave acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um leito pelo resto da vida. Foi assim que o seu quarto de enferma se transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço missionário. Inicialmente se revoltou contra o seu destino, mas em seguida, compreendeu que a sua situação era uma chamada amorosa do Crucificado para O seguisse. Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho. Que o seu apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja para os crentes de sua terra um exemplo luminoso e que a sua intercessão fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas para doentes terminais.
Queridos irmãos e irmãs! Estes novos Santos, diferentes pela sua origem, língua, nação e condição social, estão unidos com todo o Povo de Deus no mistério de Salvação de Cristo, o Redentor. Junto a eles, também nós aqui reunidos com os Padres sinodais, provenientes de todas as partes do mundo, proclamamos, com as palavras do salmo, que Senhor é «o nosso auxílio e proteção», e pedimos: «sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos» (Sal 32, 20-22). Que o testemunho dos novos Santos, a sua vida oferecida generosamente por amor a Cristo, possa falar hoje a toda a Igreja, e a sua intercessão possa reforçá-la e sustentá-la na sua missão de anunciar o Evangelho no mundo inteiro.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Hoje é o dia que celebramos a Memória do Beato João Paulo II

Hoje é o dia que celebramos a Memória do Beato João Paulo II. Por isso rezemos juntos pedindo vossa intercessão junto a Deus Pai:

Ó Trindade Santa, nós Vos agradecemos por ter dado à Igreja o Beato João Paulo II e por ter feito resplandecer nele a ternura da vossa Paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor. Confiando totalmente na vossa infinita misericórdia e na m
aterna intercessão de Maria, ele foi para nós uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade como a mais alta medida da vida cristã ordinária, caminho para alcançar a comunhão eterna Convosco. Segundo a Vossa vontade, concedei-nos, por sua intercessão, a graça que imploramos, na esperança de que ele seja logo inscrito no número dos vossos santos. Amém.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Nossa Senhora Aparecida


Os três pescadores, Domingos Alves Garcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos e tio de João, encontraram a imagem da Virgem. Primeiramente, na rede de João Alves apareceu o corpo da imagem, e depois, mais abaixo, a sua cabeça!
Virgem Aparecida_.jpg
Felipe Pedroso, por ser o mais velho, levou para casa a imagem diante da qual ele e a família começaram a rezar. Aos poucos o povo começou a afluir em grande quantidade à pequena casa do pescador, a fim de pedir graças e milagres à Virgem que "apareceu" nas águas do rio. Assim começou a devoção à Padroeira do Brasil.
Nos dias de hoje, quando entramos na sala dos milagres da majestosa Basílica de Aparecida e vemos todas as manifestações de gratidão dos peregrinos e devotos, nos vêm à mente todos os favores que a Mãe da família brasileira concedeu a seus filhos ao longo de quase três séculos.... Nos momentos de aflições e dificuldades, nas horas tristes e sofridas, Maria sempre ouviu as preces do povo brasileiro.
Temos a firme convicção de que hoje, mas até do que no passado, a intercessão e o amparo de nossa Padroeira são urgentes e necessários. Peçamos, pois, a Nossa Senhora da Conceição Aparecida que abençõe e proteja a família brasileira para que nela habitem a fé, a esperança e a caridade, e para que ela possa se mirar de exemplo da Sagrada Família de Nazaré.
O Conde, os pescadores e uma imagem
Rezam as cronicas da época, que em 1717 Dom Pedro de Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde de Assumar, Governador das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais, com grande comitiva, viajou de navio da Corte a Santos. Daí, a cavalo subiu até São Paulo, onde tomou posse do governo, e seguiu rumo à minas de ouro.
Em Guaratinguetá, permaneceu de 17 a 30 de outubro. O Conde foi recebido com a pompa e a circunstância possíveis, incluindo suculentos banquetes em que os habitantes lhe proporcionaram o melhor da culinário local.
Não podendo faltar os saborosos pescados do Rio Paraíba do Sul, a Câmara Municipal, convocou os mais experientes pescadores para lançar as redes, pois era necessário boa quantidade de peixes. Domingos Alves Garpescadores_imagem.jpgcia, seu filho João Alves e Felipe Pedroso, cunhado de Domingos e tio de João, entre outros, puseram as mãos no remo. Mas, por mais que se esforçassem, os animais aquáticos não queriam aparecer. Apareceu, sim, na rede de João Alves, primeiramente o corpo da pequena imagem de Nossa Senhora, e depois, mais abaixo, sua cabeça1
Isso será um sinal? Católicos zelosos que eram, guardaram na canoa o precioso achado, e continuaram lançando as redes.
Surpresos, viram repetir-se o fato dezoito séculos atrás no mar da Galiléia: a canoa se encheu de tanto peixe que quase afundou! Os bons ribeirinhos logo atribuíram essa pesca milagrosa à presença da imagem de Nossa Senhora da Conceição, em boa hora aparecida no rio, na altura do Porto de Itaguaçu.
O que ocorreu "em todas as condições para ser a descrição de um fato real, um milagre (...) É certo que, para aqueles pescadores, acontecera algo de extraordinário, tanto assim que recolheram os dois pedaços da imagem e os guardaram. Sem dúvida, houve um sinal visível de Deus e os pescadores acreditaram nele.
O milagre das velas e outros prodígios
Felipe Pedroso, por ser o mais velho, levou para casa a imagem , diante da qual ele e a família começaram a rezar, dando início a uma sequência de fatos extraordinários que se repetiram até hoje.
O primeiro milagre atribuído à imagem se deu numa noite serena e silenciosa: enquanto a família e vizinhos "cantavam o terço", duas velas se apagaram sem que ninguém as soprasse, e se acenderam sem que pessoa alguma colocasse fogo nelas.
A luz daquelas velas, que se reacenderam miraculosamente naquela noite, iluminou seus corações e despertou neles grande amor e devoção para com Nossa Senhora.
Era costume, naquela época de robusta fé, as famílias vizinhas se reunirem aos sábados para rezar o terço e outras orações, e entoar cânticos em louvor da Imaculada Conceição de Maria. Nessas reuniões familiares, além do relatado acima, houve várias manifestações extraordinárias: o nicho com a imagem passou a tremer, esta quase caiu e as velas se apagaram; no móvel onde se encontrava a imagem, várias pessoas ouviram estrondos, repetidas vezes.
Tesouro para o povo brasileiro
Além dos três pescadores já citados, há outras pessoas muito relacionadas com os primeiros fatos da devoção à imagem, e são citados em documentos daquele tempo: Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, mãe de João e irmã de Felipe; Atanásio Pedroso,milagre_vela.jpgfilho de Felipe, e Lourenço de Sá. Todos eles viviam na região do encontro da imagem, e com suas famílias, foram os primeiros a lhe prestar culto.
A imagem peregrinou durante bom tempo pelas casas dos pescadores, até se fixar em Itaguaçu, lugar do seu encontro, na residência de Atanásio Pedroso, que construiu-lhe um oratório e um altar de madeira, onde, todos os sábados, grupos de famílias iam rezar o terço. Era a maneira de a devoção popular mostrar seu amor e gratidão à excelsa Mãe e suplicar-Lhe proteção. Concomitantemente foram aparecendo adornos na imagem, como mantos e coroas, cada vez mais elaborados à medida que aumentavam os devotos.
Em Itaguaçu, Atanásio Pedroso recebeu de seu pai a imagem como legado da família. Percebe, no entanto, anos depois, que ela não mais lhe pertencia (...) Ao lhe construir um oratório e um altar, Atanásio mal se dava conta que estava entregando seu tesouro para o povo brasileiro. Daí em diante a imagem não seria objeto de uma devoção familiar apenas, mas sim do culto de uma Nação. Devoção esta que marcaria profundamente sua religiosidade e contribuiria para conservar a fé e sua fidelidade à Igreja.
A imagem representa a Imaculada Conceição, é de terracota, medindo 38cm., mas nunca se soube ao certo qual sua origem. Sendo uma escultura artesanal, tem nos lábios um discreto sorriso, no queixo uma covinha; flores prendem-lhe os cabelos, e um diadema com três pérolas enfeita-lhe a testa. A seus pés a meia lua e a cabeça de um anjo, na descrição de Mafalda Boing.
A capelinha
Os milagres reforçaram enormemente a nova devoção popular, já com a invocação de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
As casas ficaram pequenas para os muitos devotos, e com o apoio decisivo do Padre José Alves Vilela, Pároco da Paróquia de Santo Antônio, de Guaratinguetá, foi construído uma capelinha, Era situada nomilagre_escravo.jpgItaguaçu, à beira da estrada, num importante entroncamento por onde passavam constantemente caravanas de viajantes. Isso favoreceu a divulgação dos prodígios, aumentando rapidamente o número de devotos.
Mas o fator decisivo mesmo era o lenitivo espiritual. "Formou-se a religiosidade dum povo, que invocando-a sentiu que a chama de sua fé, à semelhança da chama das velas do primitivo oratório, sempre se reacendia novamente com as graças e os dons recebidos".
Correntes da escravidão se estatelam no chão
Assim como São Pedro na prisão teve as correntes arrebentadas e foi libertado (At 12, 3-7), no final do século dezoito "um escravo fugitivo, qie estava sendo conduzido de colta à fazenda pelo patrão, ao passar diante da capela, pediu-lhe que permitisse subir até à igreja para fazer oração. Enquanto estava em oração diante da imagem, as correntes se soltaram de seu pescoço e de seus pulsos, caindo por terra. Comovido com o sucedido, o fazendeiro o resgatou, depositando no altar o preço do escravo, e o conduziu para casa como um homem livre"
A queda das pesadas correntes que prendiam o escravo Zacarias pelo pescoço e pelos pulsos é um eloquente testemunho do poder de intercessão de Maria Santíssima para desatar das prisões do pecado as pessoas arrependidas.
Devoção mariana, igreja, povoado
Tal como o caminhar da gota de azeite na folha de papel, a devoção mariana sob a nova invocação foi ganhando espaço no mapa brasileiro. Isso significava mais romeiros apinhados na tosca e pequena capela.
E sinalizava, por outro lado, que já havia chegado a hora de se conseguir a aprovação episcopal do culto a Nossa Senhora Aparecida, bem como autorização para se construir sua igreja. O zeloso Pe. Vilela se pôs a campo, conseguindo as ditas licenças, e o novo templo foi levantado no Morro dos Coqueiros, sendo inaugurado em 1745, apenas 28 anos após o encontro milagroso da imagenzinha.
De casa nova, nossa Santa continuou a acolher as famílias devotas: adultos, jovens, crianças, gente simples, gente importante. Até a Princesa Isabel, o Conde d'Eu, seu marido e os três filhos se associaram às Marias, aos Josés, aos Manuéis, às Aparecidas que começavam a surgir, para saudar a augusta Anfitriã, beijando a imagem e rezando o terço a seus pés. Como quem procura a Mãe encontra também o Filho e José, era a sagrada Família de Nazaré acolhendo as famílias brasileiras!
Mas algumas não se contentaram só com visitas. Optaram por morar pertinho da Mãe, surgindo assim o povoado "Capela da Aparecida!, hoje cidade de Aparecida. O já citado Pe. Vilela testemunha que a Virgem favoreceu a todos os moradores com muitas graçascapelinha.jpge milagres. Em 1748 sacerdotes pregadores destacaram que os frutos das missões nesse povoado foram dos melhores: "(...) a alegre e jubilosa esperança de salvação que todos encontram em cristo pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
Romarias de todas as partes
As romarias que se iniciaram no tosco oratório do Porto de Itaguaçu continuaram a partir de 1745, na igreja do Morro dos Coqueiros, que a voz do povo batizou de santuário, bem antes de "pais e filhos, parentes e amigos, vinham unidos no mesmo propósito de honrar e venerar a querida Imagem".
Personalidades estrangeiras de destaque, como o cientista alemão Karl von Martius, o botânico francês Augusto de Saint Hilaire e o jornalista português Emílio Zaluar, deixaram depoimentos escritos, atestando a existência das romarias e o consequente poder de atração da imagem. Em 1861, Zaluiar "notou a fé e a alegria contagiante da multidão dos peregrinos. E deu a razão, escrevendo: "A imagem de Nossa Senhora Aparecida, que refulge no altar-mor, parece sorrir a todos os infelizes que a invocam, e a quem jamais negou consolação e esperança."
Em 1884, a 4 de janeiro, o jornal "Correio Paulistano" estampou matéria sobre as romarias oriundas de todo o Império, ressaltando o articulista as saudades que ele sentia do tempo de menino, participando daquelas pias viagens junto com sua família: "Antigamente as Romarias à Capela da Aparecida tinham muito de pitoresco; eram as famílias que se moviam lentamente com os filhos pequenos, os pagens, os camaradas, as mucamas, e o armazém ambulante às costas dos cargueiros". E observa que, com as mudanças nos hábitos causadas pela estrada de ferro, "acabou-se o encanto daquelas pias viagens".
A nova devoção, refúgio para o povo
O sentido espiritual das idas à Capela era muito marcante. Buscava-se curas físicas, é verdade, mas o principal motivo era a devoção, o cumprimento de promessas, exteriorizados com gestos e atitudes: beijar a imagem, aproximar-se de joelhos até o altar, limpar a igreja, percorrer de joelhos a rua que dá acesso à mesma, viajar em silêncio, observar jejum, dar esmolas ou jóias à Capela, ajudar os pobres.
Costume curioso: pessoas de posses faziam a promessa de dar a Nossa Senhora um de seus escravos, caso alcançasse a graça desejada. Conseguido o favor, o cativo era libertado e ficava fazendo, de muito bodevotos.jpga vontade, trabalhos agrícolas ou outros para o Santuário; alguns que tinham dotes musicais abrilhantavam as cerimônias, pois chegavam a ser organistas "de orelha" ou seja nunca ter estudado música".
Em 1897, um douto sacerdote, Pe. Valentim von Riedl dá esse importante testemunho: "É comovente verem´se senhores e senhoras assistirem de joelhos até três missas em cumprimento de promessa; mais ainda, quando se arrastam de joelhos até o altar da Virgem, ou varrem a igreja, ajuntando as ricas senhoras na ponta de seus longos vestidos o lixo e levando-o para fora. D e fato é uma fé viva e filial, havendo casos de família se privarem de tudo para dar a Nossa Senhora, (...) uma devoção generosa, um amor pronto aos sacrifícios". E continua seu comentário, ressaltando a influência do culto na vida do povo, afirmando que Maria domina de fato, como Senhora, toda região, e que "esse amor e essa devoção foram a proteção contra a descrença e se tornaram o filão de ouro de sua perseverança na fé católica. Sem esta devoção, teria o povo caído na mais completa indiferença religiosa (...) A razão fundamental, porém, foi a mensagem de esperança e salvação que a Mãe de Deus comunicava a seus filhos abandonados e carentes de assistência religiosa (...) o povo se refugiou na devoção a Nossa Senhora Aparecida.
Historicamente - segundo o Pe. Brustoloni - essa falta de assistência religiosa se deveu, pelo menos em grande parte, ao fato de que o Estado, durante quase um século, interferia nos assuntos da Igreja do Brasil, limitando-lhe a liberdade. O governo das dioceses, paróquias e ordens religiosas, bem como a formação de novos sacerdotes ficaram prejudicados, o que dificultou o desabrochar da vida cristã do povo.
Citemos dois exemplos da própria Capela da Aparecida:
1) o dinheiro das generosas esmolas dos devotos era administrado por funcionários do governo, pois estes detinham a gerência da capela.
2) Passaram-se 50 anos sem que fosse pregada nenhuma missão.
Missionários alemães põem a casa em ordem...
Após 1889 foi normalizada essa situação, e pôde-se iniciar a renovação na fé e na disciplina, tão almejada pela Igreja. Como os sacerdotes eram - pelos motivos expostos - poucos e insuficientemente empenhados na evangelização, os bispos recorreram às congregações religiosas européias.basilica_de_aparecida.jpg
E para a Capela de Aparecida, vieram da Alemanha, em 1894, dois padres redentoristas e três irmãos leigos. Com o carisma missionário que lhes é característico, os zelosos filhos de Santo Afonso de Ligório se adaptaram logo Às peculiaridades de nosso povo, e começaram a dar vida nova à comunidade aparecidense. Esta correspondeu às expectativas, tributando-lhes toda admiração e apoio.
Com a chegada dos padres alemães - observa Zilda Ribeiro - tudo mudou no Santuário e na Paróquia de Aparecida. Em 1897 o Pe. Valentim von Riedl escrevia: "Antes da nossa chegada não havia culto organizado, não havia missa diariamente e muito menos se atendiam confissões."
Os metódicos alemães instituíram horários para as missas, confissões e atendimentos, e colocaram ordem nas procissões, etc. Sobretudo tocaram os corações dos fiéis com o pão de uma palavra autenticamente evangélica mais simples, que até os mais rudes entendiam. Seus louvores a Nossa Senhora eram muito apreciados pelo povo.
Os redentoristas reforçados com a chegada de mais colegas fundaram um seminário e puderem promover missões nas cidades e povoados vizinhos, irradiando assim a renovação espiritual sobre o bom povo de Deus.
E sobretudo foram consolidando o Santuário como o nosso mais importante centro de peregrinação, o que desfechou na solene coroação da imagem em 1904. O título de basílica é dado ao Santuário em 1908. Novo templo construído, de 1955 a 1980, sendo chamado de Basílica Nova.
Inúteis manifestações de ódio
Como não poderia deixar de ser, os que não gostam de nossa Mãe celeste deixaram as marcas de seu ódio gratuito.
1 -Um deles foi um homem de Cuiabá, que se dizia ateu, e quis entrar a cavalo na igreja para desafiar Nossa Senhora, mas não conseguiu. As patas do animal grudaram-se nas pedras. Ele pediu perdão a maria e dirigiu-se, contrito, à imagem para rezar. Isso foi em 1866.
2 - A quebra da imagem na Basílica Velha, em 1978, por um jovem protestante, comoveu o País, e só fez aumentar o amor dos brasileiros à sua Mãe, que a reentronizaram com manifestações de fé e entusiasmo.
3 - O sacrílego pontapé que um pastor "evangélico" desfechou numa immilagres_promessas.jpgagem de Nossa Senhora Aparecida, em pleno programa televisivo, em 1995, abalou a Nação, mas não a devoção do seu povo.
Torrentes de milagres: os ex-votos
Haja tempo, papel e tinta para relatar os inúmeros milagres e graças obtidos pela intercessão da Senhora saída das águas, para brasileiras e brasileiros de todas as classes, raças e idades. Desde a menina de Jaboticabal, cega de nascença, que ao chegar diante da Capela de Aparecida, em 1874, passa a enxergar e diz: "Mamãe, que bonita igreja!" até a mulher que foi curada de trombose em São Paulo, em 1984.
Mas quem quiser ler esse relato, vá até enorme Salão das Promessas, e consulte o livro sem palavras que existe lá: os milhares de ex-votos, ou sejam objetos que exprimem gratidão pelos milagres acontecidos. Aqui, um par de muletas, inúteis agora ao antigo usuário; lá, a escultura de um braço miraculado; acolá, peça de carro do acidente fatal que não matou; ao lado, desenho de uma máquina quase assassina.
Quantos dramas envolvendo famílias inteiras, que nossa Mãe Aparecida solucionou, "estendendo seu olhar sobre nós e nosso lar". Saibamos ver os oceanos de misericórdia que estão por detrás desses ex-votos.
Os Papas e Aparecida
Com alegria mencionamos que a instituição de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil foi feita pelo Papa Pio XI em 1930. E que o Papa Paulo VI, em 1967, lhe ofertou uma rosa de ouro.
Além dos milhares de peregrinos que por lá passaram, inúmeras foram as personalidades importantes que vieram se ajoelhar aos pés de nossa querida Mãe e pedir graças. Entre estas, ao mesmo tempo que rezaram, prestigiaram o Santuário com suas honrosas presenças, os Papas:
João Paulo II, que veio em julho de 1980, e nos deixou esse precioso testemunho: "Aqui pulsa, há mais de dois séculos, o coração católico do Brasil. Meta de incessantes peregrinações vindas de todo o país, Aparecida é como disse alguém, a "capital espiritual do Brasil".Nossa Senhora Aparecida_.jpg
Bento XVI que, falando à nossa juventude em maio de 2008, enfatizou: "Sede homens e mulheres livres e responsáveis; fazei da família um foco irradiador de paz e de alegria; sede promotores da vida, do início ao seu natural declínio".
Conclusão: confiar e Orar
O que está por trás do poder de atração dos santuários marianos? O esplendor das cerimônias? A beleza das imagens?
Alguns santuários tem origem em aparições de uma senhora esplendorosa, que traz para o povo mensagens, fonte de águas milagrosas ou a própria efígie estampada em tecido. E até cenas grandiosas, como a dança do sol presenciada por uma multidão. Mas, por que Aparecida atrai tanta gente? A imagem é pequena e simples, achada num rio, sem nenhuma mensagem nem nada.
Você, que acabou de ler estas linhas, ou você, que conhece a Sala das Promessas em Aparecida, facilmente encontrará a explicação: paralíticos que passam a andar, surdos que recuperam a audição, cegos livres da cegueira, etc. São milhares de depoimentos em forma de ex-votos, carregados de gratidão a nossa Mãe Aparecida!
Mas, não é para menos, pois Ela aprendeu numa escola divina, a escola de Jesus que passou a vida fazendo o bem. Ou seja, é mais uma prova do poder divino, que através de uma simples e rústica imagem de Maria, realiza prodígios!
Prova também a predileção por nosso povo, por nossas famílias. E é uma garantia de que Nossa Senhora Aparecida continuará protegendo a todos os habitantes deste imenso Brasil, sejam quais forem os problemas pessoais ou de outro gênero que tenhamos que enfrentar. A palavra confortadora é confiança! (A Padroeira, os milagres e as famílias, Pe. Luiz Alexandre de Souza)
Oração:
Ó Senhora da Conceição Aparecida, que fizestes tantos milagres que comprovam Vossa poderosa intercessão junto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, obtende para nossas famílias as graças de que tanto necessitam. Defendei-nos da violência, das doenças, do desemprego, e sobretudo do pecado, que nos afasta de Vós. Protegei nossos filhos de tantos fatores de deformação da juventude. E concedei a todos os membros de nossas famílias a graça de poderem trilhar o caminho de perfeição e de paz ensinado por Vosso Divino Filho, que afirmou: "Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo!" Amém.

Santa Teresa de Àvila


Tudo que se tem a dizer sobre Teresa Sanchez Cepeda D'Ávila y Ahumada é extraordinário. Ela viveu e ensinou a oração pessoal como sendo a busca de uma intimidade maior com Deus. Escreveu como um poeta, cantando as glórias do Senhor do Céu e da Terra, depois de ter convivido misticamente com Ele. Reformou e aperfeiçoou o estilo de vida religiosa. Foi doutora em matéria de religião e de religiosidade.Santa Teresa Zurbarán_.jpg Ultrapassando os limites de si mesma, ela foi mais além: foi Santa. E uma grande Santa. Por isso mesmo é que ela é chamada de Teresa, a Grande.
O legado de Teresa
Teresa D'Ávila, Teresa de Jesus ou Teresa, a Grande, nasceu na região de Castela (Espanha), em Ávila, uma cidade medieval cercada por muralhas de pedras grandes e claras que se tornam douradas quando o sol está se pondo. Ela era a terceira filha do casal Alonso Sanchez Cepeda com Beatriz D'Ávila y Ahumada e tinha vários irmãos, porque Dom Alonso teve três filhos em um primeiro casamento e outros nove de seu casamento com Dona Beatriz. Era da pequena nobreza. Nasceu em 28 de março de 1515.
A reforma do Carmelo e sua experiência metódica da oração pessoal na busca de uma intimidade com Deus formam seu maior legado deixado para os fiéis da Santa Igreja.
Com seu irmão, uma fuga frustrada
Desde menina Teresa gostava de ler história da vida de santos. Acompanhava-lhe neste gosto seu irmão Rodrigo que tinha idade próxima da dela. Os dois admiravam em conjunto a coragem e heroísmo dos santos na luta pela conquista da gloria eterna. E porque os admirava, os dois tinham seus pensamentos sempre colocados na eternidade onde os bem-aventurados já viviam.
Ao conhecer a vida dos mártires, julgaram que eles tinham conseguido ir para o céu com muita facilidade. Estavam tão certos disso que decidiram partir para o país dos mouros: ali, com certeza, seriam martirizados, morreriam defendendo a fé e estariam logo no céu, mais facilmente que de qualquer outro modo...
Então os dois decidiram fugir de casa. Pediram a Deus que lhes concedesse a graça de dar a vida por Cristo e partiram a procura de quem os martirizasse.A aventura das duas crianças durou pouco. Estavam ainda próximo de Ávila, em Adaja, quando foram vistos por um de seus tios que as conduziu novamente para junto da aflita mãe.
A culpa de tudo recaiu sobre Teresa. Quando foram repreendidos pela mãe, Rodrigo acusou a irmã de ter sido a idealizadora do plano frustrado. Mas os dois não se separaram e nem esqueceram seu ideal: eles resolveram viver como eremitas. Sem nunca conseguir, pensavam construir suas celas nos jardins da casa e lá viver na solidão.
Outra fuga, após a morte da mãe
Dona Beatriz morreu quando Teresa tinha quatorze anos: "quando me dei conta da perda que sofrera, comecei a entristecer-me. Então me dirigi a uma imagem de Nossa Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha", disse ela. Aos quinze anos Dom Alonso levou Tereza para estudar no Convento das Agostinianas de Ávila.
Um ano depois, seu pai foi buscá-la. Uma doença a impedia de continuar vivendo ali. Por essa ocasião foi que a jovem viu nascer em seu coração uma forte atração para a vida religiosa passando a pensar seriamente nisso. Mas ela tinha dúvidas quanto a decisão a tomar. A vida religiosa a atraia e assustava, ao mesmo tempo.
Foi a leitura das "Cartas", de São Jerônimo que lhe ajudou na decisão. Ela comunicou seu desejo ao pai e ele recomendou que a filha aguardasse a morte dele para depois procurar um convento. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Numa madrugada, tendo já 20 anos, a futura santa fugiu para o Convento de La Encarnación, em Ávila, com a intenção de não voltar mais para casa.
Início da Vida Religiosa
E Teresa ficou no Convento da Encarnação. Dom Alonso viu que sua vocação era séria e não mais colocou objeção à entrada dela na vida religiosa. Um ano depois de sua entrada no Carmelo, ela emitiu seus votos, tornando-se Carmelita.
Uma grave enfermidade fez com que seu pai a levasse de volta para casa afim de que pudesse ser tratada de uma enfermidade que novamente lhe havia atacado. Mas os médicos não conseguiram debelar a doença que logo se agravou. Teresa suportou aquele sofrimento, graças a um livrinho que lhe fora dado de presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", de autoria de um Padre chamado Francisco de Osuna. Ela seguiu as instruções do pequeno livro que a introduziu na pratica da oração mental.
Depois de passar três anos em casa, ela recuperou a saúde e retornou ao Carmelo. Levou consigo as ideias contidas no livreto do Padre Francisco.
Como eram os mosteiros...
Costumes inconvenientes e nada edificantes espalharam-se pelos conventos espanhóis da época de Teresa. Um desses costumes era de que as religiosas podiam receber todos os visitantes que desejassem, a qualquer hora.
Teresa também foi vítima desse costume: passava grande parte de seu tempo conversando no locutório do mosteiro. Isto a levou ao descuido com as orações, sobretudo Santa Teresa Carmelitas Barcelona.jpgdescuidava-se da oração mental. Muitas vezes ela encontrava desculpas para esse relaxamento em suas enfermidades. Suas doenças justificariam suas falhas nesse ponto ou... a impediam de meditar. E isso ela praticava sem susto nenhum.
Foi o confessor de Teresa que lhe mostrou o perigo em que se encontrava sua alma e aconselhou-a a voltar à prática intensiva das orações. Embora ainda não tivesse decidido a entregar-se totalmente a Deus, levando uma vida de contemplativa, e não tivesse renunciado totalmente as horas que passava no locutório, conversando e trocando presentes com seus visitantes, ela acatou o conselho de seu confessor e deu mais atenção à vida de oração, voltando a meditar.
"Foram tuas conversas no parlatório..." - nova conversão
Com o novo modo de vida de oração, ela acabou, aos poucos compreendendo seus defeitos e como era "indigna". Por isso invocava com frequência grandes santos penitentes, sobretudo Santo Agostinho e Santa Maria Madalena. A eles estão associados dois fatos que foram decisivos na vida da santa.
O primeiro deles foi a leitura das "Confissões" do Bispo de Hipona. O segundo foi um chamado à penitência que ela sentiu quando rezava diante de um quadro representando a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Senti que Santa Maria Madalena vinha em meu socorro ... e desde então progredi muito na vida espiritual", afirmou Teresa.
Ela sentia-se muito atraída pelas imagens de Cristo ensanguentado, em agonia. Em certa ocasião, estando aos pés de um crucifixo que trazia marcas das chagas de Cristo e muito sangue, ela perguntou: "Senhor, quem vos colocou aí?" E pareceu-lhe ouvir uma voz que vinha do crucificado: "Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa".
Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e com as amizades que não a levavam à santidade. Era uma mudança de vida radical, "orientada" pelos céus, algo muito próprio para quem iria tornar-se uma das maiores místicas da Igreja.
Os mosteiros precisavam ser reformados?
Como a maioria das religiosas, já desde os princípios do século XVI, as carmelitas também já tinham perdido o "fervor de noviço" dos primeiros tempos. Os locutórios dos conventos de Ávila eram uma espécie de centro de reunião para damas e cavalheiros da cidade. Por qualquer pretexto, mesmo sendo contemplativas, as religiosas deixavam a clausura. Os conventos passaram a ser lugares ideais para quem desejava uma vida fácil e sem problemas.
As comunidades eram tão grandes quanto habitualmente relaxadas. O Convento da Encarnação possuía quase 200 religiosas. A questões das conversas nos parlatórios, da quebra de clausura das religiosas e do desprezo pela oração eram os aspectos mais salientes e visíveis. Havia também outros pontos decadentes.
Uma situação anormal, tida como normal
Já que esta situação era tida como normal, as religiosas não se davam conta de que o seu modo de vida estava muito distante do espírito de seus fundadores. De fato, uma reforma era necessária. E ela tornara-se urgente.
Teresa haveria de levar avante esse grandioso empreendimento. E isso não foi uma tarefa fácil. Logo no início dela as incompreensões foram enormes, as desconfianças se espalharam e os comentários e as oposições cresceram, sobretudo da parte dos que eram atingidos... Teresa foi criticada pelos nobres, pelos magistrados, pelo povo e até por suas próprias irmãs. Apesar disso tudo, o sacerdote dominicano Padre Ibañez incentivou Teresa a prosseguir seu projeto.
Se a reforma não fosse uma obra querida por Deus e se não tivesse no seu início o apoio de santos como São Pedro de Alcântara, São Luís Beltran, de Bispos como Dom Francisco de Salcedo e de sacerdotes como o Padre Gaspar Daza e o Padre Bañez essa obra não teria vingado, morreria em seu nascedouro. Teresa tinha total razão quando em certa ocasião disse: "Teresa sem a graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma fortaleza; com a graça de Deus e muito dinheiro, uma potência".
Reforma nos conventos - Reforma em toda vida religiosa
Se algo em uma instituição algo não anda bem, a solução e reformá-la. Não é destruí-la: não se apaga a mecha que ainda fumega... Teresa pensava assim e foi o que ela se propôs a fazer. Ela começou por estabelecer em seu conSta Teresa Mosteiro Sta. Teresa-Avila.jpgvento a mais estrita clausura e o silêncio quase perpétuo. A comunidade deveria viver dentro da maior pobreza. As religiosas passaram a vestir hábitos toscos, usavam sandálias em vez de sapatos (por isso foram chamadas "descalças") e eram obrigadas a abstinência perpétua de carne.
A Reformadora do Carmelo, a princípio, não aceitava comunidades com mais de treze religiosas. Mais tarde, nos conventos que tinham possibilidades de obter alguma renda, ela aceitou que nele residissem vinte monjas. Isso era o começo. Para concretizar e aprofundar a Reforma, era necessário algo mais. Além do relacionamento entre os homens, era necessário pensar no mais importante: o relacionamento com Deus. E Teresa foi exímia nesse ponto.
Oração vocal, meditação, recolhimento
Santa Teresa aprendeu a prática da oração vocal com as irmãs agostinianas durante deu convívio com elas e utilizou bastante esse modo perfeitamente legítimo de rezar. Porém, ela via no seu uso certos modos de proceder que poderiam ser criticados.
Em seu entendimento, ao rezar, deveria pensar-se com mais afinco no que se diz e não apenas recitar muitas fórmulas, quase maquinalmente, apenas mexendo com os lábios, sem meditação, como tinha tornado costume fazer-se já em sua época. Segundo o que ensinou Teresa, a melhor forma de oração, o mais eficaz modo de rezar seria uma oração de recolhimento. Nesse modo de rezar o espírito deve esvaziar-se de si mesmo, a imaginação e o entendimento calar-se, e então, aprende-se a amar a Deus.
Em seu modo de rezar, ela se fixa no pensamento meditativo dos mistérios da humanidade de Cristo, no seu sofrimento redentor e amoroso e, pouco a pouco, abandona seu próprio ser e seu espírito, desinteressando-se de si mesmo. A alma vive e vê tudo isso. É uma forma de oração ativa, laboriosa, voluntária e perseverante. Numa palavra, contemplativa.
"Não sabeis o que é oração mental, nem como se faz a vocal, nem o que é contemplação..."
Falando para suas irmãs do Carmelo, Teresa ensinava-lhes a rezar e dava-lhes recomendações. De certa feita, ela ensinou a suas irmãs como rezar, como elevar suas almas a Deus:
"Comecemos por nos perguntar a quem vamos falar, e quem somos. Não podemos dirigir a um príncipe de modo tão informal quanto a um trabalhador ou a pobres criaturas como nós, a que se pode falar de qualquer jeito, e sempre está muito bem!"
"Dirige a Deus cada um dos teus atos, oferece-os e pede-lhe que seja com grande fervor e desejo de Deus. Em todas as coisas, observa a providência de Deus e sua sabedoria. Em tudo, envia-lhe o teu louvor.
Em tempo de tristeza e de inquietação, não abandones nem as boas obras de oração, nem a penitencia a que estás habituada. Antes as intensifica. E verás com que "prontidão o Senhor te sustenta."
"Que teu desejo seja ver Deus. Teu temor, perdê-lo. Tua dor, não te comprazeres na sua presença. Tua satisfação, o que pode conduzir-te a ele. E viverás numa grande paz."
"Quem verdadeiramente ama a Deus, ama tudo o que é bom, quer tudo o que é bom, favorece tudo o que é bom; louva todo o bem, com os bons se junta sempre, para apoiá-los e defendê-los. Em uma palavra, só ama a verdade e o que é digno de ser amado."
"Quando recito o Pai-nosso, será um sinal de amor lembrar quem é esse Pai e também quem é o Mestre que nos ensinou essa oração. "Ò meu Senhor, como vos mostrais Pai de tal Filho, e como vosso Filho revela que veio de tal Pai. Bendito seja para sempre.
"Deixemos a terra, minhas filhas; não é justo que apreciemos tão mal um favor como esse, e que, depois de ter compreendido sua grandeza, continuemos sobre a terra." (Orações e recomendações de Santa Teresa, extraídas do livro: "Orar com Santa Teresa de Ávila - Edições Loyola - 1987.)
Uma mística recolhida e ativa
A grande mística Teresa não descuidava das coisas práticas. Sabia utilizar as práticas materiais para o serviço de Deus. Tinha uma vida interior que era o motor de suas atividades. Era dela a "equação": vontade de Deus, mais dois ducados, mais Teresa, igual a sucesso.
Certo dia encontrou-se em Medina del Campo com dois frades carmelitas que estavam dispostos a abraçar a Reforma: Frei Antonio de Jesús de Heredia, superior, e Frei Juan de Yepes, que seria o futuro São João da Cruz. Com eles começou a estender a Reforma também para o ramo masculino da Ordem do Carmo.
Aproveitando a primeira oportunidade, ela fundou um pequeno convento de frades em Duruela, em 1568 e no ano seguinte fundou o de Pastrana. Nos dois reinavam a pobreza e austeridade, o recolhimento, a vida de religião. Outros conventos e mosteiros foram surgindo. Santa Teresa deixou que as novas fundações ficassem a cargo de São João da Cruz.
Lutas, separação e alcance
Depois de muitas lutas, incompreensões e perseguições, obteve de Roma uma ordem superior que estabelecia uma separação dentro da Ordem do Carmo: os Carmelitas Descalços não estariam mais sob a jurisdição do Provincial dos Calçados.
Na época dessa separação, 1580, Santa Teresa tinha 65 anos e sua saúde já estava muito debilitada. Isto não impediu que ela ainda fundasse outros dois conventos de cumprimento exímio das regras. Os mosteiros fundados sob inspiração da reforma influenciada por Teresa -é bom que se ressalte isso-- não eram simplesmente um refúgio, um descanso para as almas contemplativas, cumpridoras das regras e que procuravam apenas a santificação pessoal.
Eles sempre foram uma "escola de amor de Deus" que se espalhava não só pelos outros mosteiros, mas que influenciavam almas fora deles. O viver a vida religiosa refoSanta Teresa - Convento San Jose Avila_1.jpgrmada influenciou a vida para além dos muros dos mosteiros. Um novo estado de espírito difundiu-se pela sociedade toda.
Nos mosteiros a ação de Teresa teve uma outra consequência também muito importante: fez nascer uma espécie desejo de reparação pelos males e destroços causados nos mosteiros pelo pela revolução protestante em todos os lugares, porém, mais especialmente na Inglaterra e Alemanha.
Recolhida e ativa até o fim
Em sua vida, o recolhimento, a atividade e as dificuldades eram inseparáveis. Na última de suas fundações, o mosteiro de Burgos, as dificuldades não diminuíram. Quando o convento já ia com suas obras adiantadas, em julho de 1582, Santa Teresa tinha intenção de retornar a Ávila. Porém foi forçada a mudar seus planos e dirigindo-se para Alba de Tormes. Pretendia visitar a duquesa Maria Henríquez. A viagem não estava bem programada e a Santa estava tão fraca que desmaiou no caminho. Chegando a Alba, Teresa piorou.
Três dias depois ela disse à Beata Ana de São Bartolomeu, sua acompanhante na viagem: "Finalmente, minha filha, chegou a hora de minha morte".
O Pe. Antônio de Heredia foi quem ministrou-lhe os últimos sacramentos. Quando ele levou-lhe o viático, a Santa conseguiu erguer-se do leito e todos ouviram quando ela exclamou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!" Pouco depois, os que estavam em torna de seu leito puderam ouvir sua última frase: "Morro como filha da Igreja".
Eram 9 horas da noite do dia 4 de outubro de 1582. Como exatamente no dia seguinte efetuou-se a mudança para o calendário gregoriano, sendo suprimidos dez dias na contagem dos anos, a comemoração de sua morte foi fixada para o dia 15 de outubro. Ela foi sepultada em Alba de Tormes, onde repousam suas relíquias.
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Em 1614 foi beatificada pelo Papa Paulo V. Em 1622 foi canonizada por Gregório XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970 proclamou Santa Tereza como Doutora da Igreja.
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Santa Teresa de Ávila é uma das maiores personalidades da mística católica de todos os tempos, sendo considerada como um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Ateus e livres-pensadores se veem obrigados a enaltecer sua viva e penetrante inteligência; reconhecem a força persuasiva de seus argumentos, bem como seu estilo vivo e atraente, além de seu profundo bom senso.
O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, tinha Santa Teresa em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos. (JSG)
Fontes:
http://castelointerior.wordpress.com/2008/08/15/santa-teresa-de-avila-castelo-interior-as-sete-moradas-do-ser/http://castelointerior.wordpress.com/2008/08/15/santa-teresa-de-avila-castelo-interior-as-sete-moradas-do-ser/
http://www.carmelosantateresa.com/santos/santateresa.htm
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http://portalcot.com/br/poesias/priscila-alves/a-cruz/
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org)